segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Media training

Quando vamos entrevistar alguém, às vezes bate um nervosismo: será que o entrevistado vai falar direito? Ou vai gaguejar e explicar de forma incompreensível para leigos? Será que vai entender corretamente as perguntas? Vai ter paciência para falar do assunto com alguém que não é especialista?

Essas são algumas das perguntas que rondam nossa cabeça. Algumas vezes elas têm fundamento, mas este não foi o caso... No dia 11 de setembro, eu e o Leandro fomos até a clínica do Dr. Jorge, cirurgião plástico. Uma secretária sorridente pediu que aguardássemos.

A marcação estava prevista para às 12h 30, mas o doutor só chegou uns quarenta minutos depois. Enquanto isso, uma esteticista do local me mostrou opções de tratamento que faziam “verdadeiros milagres na pele”. Na hora de contar o preço, ela usou um pouco do seu eu-vendedora e me explicou que tudo estava em promoção. Que o tratamento só exigia 3 sessões... e que a primeira sessão saia com um desconto incrível: 900 reais. Fiz cara de “Nossa! Só? Mas vale a pena demais!” Apesar do meu susto, tem muita gente, é claro, que paga por isso (é o que vamos mostrar na reportagem).

Quando o médico chegou, fomos levados para o consultório. Lá, percebi que ele estava tranqüilo, relaxado, semblante confiante... um pouco diferente de outras pessoas (inclusive médicos) que já entrevistei. Então, em uma conversa pré-gravação, ele me contou que já estava acostumado com tudo aquilo. Disse ao Leandro, que estava como cinegrafista, que podia mexer em tudo no consultório (para deixar o cenário mais bonito).

Quando nos preparávamos para iniciar a filmagem, o doutor ainda deu palpite: “O fio do microfone... não devia passar por ali?” A resposta era “Não faz diferença”, mas, para sermos educados, eu e o Leandro mexemos no fio, mudamos de posição... o médico ficou satisfeito.
Com a câmera gravando, a confiança continuava a mesma. Era firme nas respostas, mas nem por isso objetivo. Às vezes, divagava e, muitas vezes, repetia informações.

Conclusão: durante toda essa marcação, percebemos que o nosso entrevistado recebeu, em algum momento, treinamento para falar com a imprensa. Ou, quem sabe, aprendeu na prática mesmo, de tanto falar diante o microfone. É interessante observar isso... afinal, a relação jornalista – fonte é permeada de significados. Nenhum deles está ali desinteressado (no sentido de “sem interesses”). E isso deve estar sempre claro, de ambas as partes.

Um comentário:

  1. Disso podemos tirar uma lição. Muitas vezes desmerecemos o trabalho das assessorias de imprensa. É verdade que nem sempre elas possuem um trabalho ético e que muitas vezes abarrotam os e-mails das redações com conteúdos comerciais ou de pouco interesse público. Mas a bem da verdade é que elas também possuem a sua função na cadeia de produção da notícia. Indicam fontes rapidamente, agendam com presteza e as preparam para falar. Cabe aos jornalistas de redação fazer aproveitar esse trabalho que nos é disponibilizado, sem cair nas armadilhas das fontes fáceis, mas sem menosprezar esse trabalho!!!

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